Crise aumenta número de brasileiros endividados

Com a crise econômica, que trouxe o aumento do desemprego e a queda da renda, cresceu o número de brasileiros inadimplentes que estão com pendências nos serviços de proteção ao crédito. A quantidade estimada de pessoas "negativadas" passou de 57,3 milhões, em agosto de 2015, para aproximadamente 62,9 milhões em agosto de 2018, o que representa 41% da população brasileira adulta, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

De acordo com dados da Serasa Experian, o montante de dívidas dos devedores passou de R$ 265,9 bilhões em agosto de 2016 para R$ 274 bilhões em agosto de 2018, com valor médio da dívida de R$ 4.453 por pessoa.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a maior parte da dívida foi tomada junto a bancos e financeiras, principalmente em linhas de mais fácil acesso e que têm um custo mais elevado como cartões de crédito e cheque especial. Para a economista do SPC, a solução para o problema endividamento passa pela educação financeira. Ela conta que 52,2% dos endividados já tinham sido negativados pelo menos uma vez.

Os bancos já têm buscado renegociar a dívida com os clientes, seja por acordos bilaterais oferecidos pela própria instituição, seja por meio da participação em eventos de reorganização de dívida, como o Feirão Limpa Nome, da Serasa, ou os encontros regionais promovidos pelas Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). No Feirão Limpa Nome da Serasa, o desconto no valor da dívida pode chegar a até 90%.

A Serasa também tem uma plataforma de renegociação de dívida, o Serasa Limpa Nome, que foi reformulada e ganhou uma versão para celular. Ainda são poucos os bancos que aderiram a esse serviço. Até setembro, apenas Itaú e Santander estavam entre as 15 empresas parceiras.

Nesses serviços, seja por meio de plataforma ou nos feirões, o consumidor tem que negociar com cada credor e não há a aprovação de uma plano único de refinanciamentos dos débitos. A economista do SPC lembra que a aprovação do Cadastro Positivo é importante para facilitar o acesso ao histórico de crédito dos consumidores e reduzir o custo do financiamento.

 

Fonte: Valor Econômico