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Vereador de Quatro Barras instiga população a voltar-se contra empresa de transporte coletivo localizada no município
A greve no transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana durou dois dias (terça/14 e quarta/15), causando um grande transtorno aos usuários. Deixou o trânsito da capital paranaense um “caos”, pois o número de veículos de passeio e vans proporcionou um engarrafamento incontrolável, uma vez que as ruas de Curitiba não comportam tantos carros, principalmente no centro da cidade. E as pessoas que utilizam desse transporte que não puderam se deslocar aos seus locais de trabalho, por não conseguirem carona e não terem dinheiro para o táxi, perderam dois dias de serviço, os quais podem repor aos sábados ou entrarem em entendimento com seus patrões. Nada que ocasione uma “tragédia grega”.
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Terminal Rodoviário Pedro Taborda Ribeiro, no centro de Quatro Barras, vazio no primeiro dia da greve. Nenhum transtorno foi observado. Fotos: Cris Fortes
Em Quatro Barras (RMC), não foi diferente, sediada no município a mais de trinta anos, a empresa Viação Castelo Branco também teve seus ônibus parados devido ao fato dos motoristas e cobradores aderirem à greve. Esta exigência de paralisação foi encabeçada pelo Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana) e aceita pela maioria dos profissionais da categoria, não houve problemas e a paralisação transcorreu na mais perfeita pacificação e harmonia, sem transtornos.
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Na frente da empresa Viação Castelo Branco, a paralisação foi pacífica, acompanhada o tempo todo por um representante do SINDIMOC.
Esta paralisação, é um direito adquirido aos profissionais, e é normal em nosso país, devido aos baixos e defasados salários, (as greves recentes – da polícia e bombeiros na Bahia; policias e bombeiros no Rio de Janeiro; seguranças das empresas de valores; dos servidores da previdência, dos correios, bancários, etc, etc) e a dessa semana, em Curitiba dos motoristas e cobradores. Esta última expôs embaraçosamente o parlamentar quatrobarrense Roberto Carlos da Conceição, que se utilizando de uma rede social, postou comentários críticos ao sindicato, aos motoristas e cobradores da empresa Viação Castelo Branco.
Promovendo também relatos maldosos contra a empresa, expondo-os de forma constrangedora e desrespeitosa perante os milhões de usuários do Facebook. Após suas explanações desastrosas nesta rede social, a qual teve poucos apoiadores, tentou se justificar, mas era tarde. Internautas surgiram em defesa aos profissionais grevistas, que expuseram diante da população, seus baixos salários e a dura realidade do que é ser motorista e cobrador de ônibus. Expostos diariamente à marginalidade perante assaltos, ameaças, acidentes, stress e tantas outras situações que os acompanham no dia a dia.
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Vereador Roberto Carlos da Conceição ( do Partido Social Democrático -PSD), foi muito crítico à greve dos motoristas e cobradores, atingindo inclusive a empresa Viação Castelo Branco e o SINDIMOC).
Diferentes classes sociais, desconhecimento da dura realidade
Um vereador em Quatro Barras trabalha uma vez por semana, segunda-feira, quando ocorre sessão plenária que se inicia às 18h e normalmente se encerra às 20h. Também há reuniões das comissões, que os obriga a comparecerem mais um dia na semana, por aproximadamente duas horas que é o período necessário para as discussões sobre os projetos a serem analisados.
O parlamentar que deseja permanecer em seu gabinete nos outros dias, para receber eleitores, preparar projetos, o faz. Mas todos sem exceção têm assessor parlamentar que deveriam (embora não cumpram horários), permanecer diariamente nos respectivos gabinetes para atendimento ao público e realizar serviços referentes aos seus representantes, o vereador. O salário dos assessores de gabinete varia de R$1.000 a R$ 2.500/mês, e o salário de vereador, é de R$ 3.900.
Não vamos esquecer que recentemente Quatro Barras foi motivo de chacota na mídia paranaense, quando conquistou o 1º lugar como o município que proporciona o maior número de viagens aos seus parlamentares e funcionários. As viagens são para a realização de congressos e cursos de aperfeiçoamento, geralmente duram em torno de 3/5 dias, e a diária que recebem, é no valor de R$ 500 para cobrir despesas de alimentação e hospedagem. A taxa de inscrição e o transporte a Câmara de Vereadores paga à parte. Economizando, ao final de um curso de quatro dias em Joinville, por exemplo, o parlamentar volta para casa com R$ 1.200 (não precisa devolver para o caixa da Câmara).
O local mais procurado pelos vereadores de Quatro Barras para cursos e congressos é Foz do Iguaçu, aprendem como ser vereador, fazem turismo e compras, tudo incluído num só pacote. Quem paga? É o povo, afinal, a diária parlamentar no valor de R$ 500 x 5= totaliza R$ 2.500, valor suficiente para hotel, almoço, lanches e presentes e lembrancinhas do Paraguai, verba oriunda dos cofres públicos.
A dura realidade de um profissional do transporte coletivo
O acordo salarial que pôs fim à greve no transporte coletivo de Curitiba foi costurado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que sugeriu o aumento de 10,5% nos vencimentos das categorias, alta do vale-refeição de R$ 105 para R$ 200 e um abono de R$300 a ser pago em junho de 2012.
Com essa proposta, o piso salarial dos motoristas subiu de R$ 1.359 para R$ 1.501. Já os cobradores, que ganhavam no mínimo R$ 770, passam a ter um piso de R$ 851. Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais (Dieese) Cid Cordeiro, se considerado também o vale-refeição, o crescimento total nos vencimentos chega a 19,65%. Entretanto, é válido lembrar que esse benefício (que cresceu 90%) não é contabilizado para a aposentadoria e nem influi no 13.º salário, por exemplo.
O presidente do SINDIMOC, Anderson Teixeira, concedeu entrevista exclusiva, acompanhe:
-Esta greve ocorrida em Curitiba e região metropolitana, poderia não ser aderida pelos profissionais da Castelo Branco?
* Não. Pois esta empresa faz parte da convenção coletiva e da data base discutida neste momento. E os funcionarios nao so poderiam como deveriam aderir este movimento, pois esta é a oportunidade de discutir sobre os salários e condições de trabalho daquela empresa.
*O direito de greve esta garantido na carta máxima, Constituição Federal e os trabalhadores desta empresa tem o direito de participar. Não dependem da decisao dos empresários e somente dos funcionarios.
-A Viação Castelo Branco tem poder de penalizar seus motoristas e cobradores por aderirem à greve?
*Não pois ninguém pode ser penalizado por exercer dos direitos democráticos.
O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira também se pronuncia sobre a postura do parlamentar quatrobarrense que representa este município, “infelizmente, pessoas como este cidadão fazem de tudo para aparecer num momento tao importante para nós trabalhadores que apenas desejamos dignidade e respeito. Além de boas condições de trabalho e um salário justo”, finalizou.
CONCLUSÃO
Diante dessa diferença salarial e social, cobrador R$ 770 – motorista R$ 1.359 e vereador R$ 3.900, avalia-se que é difícil para um parlamentar compreender a importância que teve esta paralisação por melhorias e benefícios à classe citada. Quando não podemos arregaçar as mangas e lutar juntos pelas causas sociais, o melhor é se postar ao lado e não atrapalhar na busca por uma vida mais digna e justa.
Perante os comentários maldosos do vereador Roberto Carlos da Conceição (PSD), os motoristas e cobradores estão estarrecidos e indignados com o seu posicionamento, quanto à Viação Castelo Branco, os empresários proprietários preferiram não se pronunciar com relação à greve, e às postagens negativas do parlamentar referentes à empresa. O vereador não foi localizado para falar a respeito do assunto.
Fonte: Blog Cristiane Fortes