Faltam motoristas e cobradores em Curitiba
Além de ter sido bem sucedida no objeto de conquistar um reajuste salarial de 10,5% para a categoria, a greve dos motoristas e cobradores de ônibus também serviu para chamar a atenção da população para as dificuldades vividas pelos trabalhadores. As reclamações de falta de banheiros, cobranças de multas e insegurança devido à criminalidade já são bastante conhecidas. No entanto, em meio à paralisação, outra questão foi levantada, a defasagem no número de funcionários que compõem o efetivo das empresas de transporte público de Curitiba e Região Metropolitana.
Para compensar essa defasagem, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) estima que seria necessário um aumento de 20% na quantidade dos postos de trabalho. Atualmente, a categoria conta com cerca de 12.500 trabalhadores. "Devido às condições de trabalho impostas pelas empresas de ônibus e pela Urbanização de Curitiba (Urbs), aliadas a um salário que ainda não é bastante atrativo, temos uma evasão muito grande da profissão, com um alto índice de demissões e afastamentos por problemas de saúde ligados ao próprio trabalho", explica o presidente da entidade, Anderson Teixeira.
A média de homologações de rescisões realizadas pelo sindicato é de 90 processos por mês, além de 20 audiências de conciliação também mensais. O número pode ser ainda maior porque não contempla demissões de trabalhadores com menos de um ano de contratação. Além disso, Teixeira estima que pelo menos 10% do efetivo atual esteja de licença médica, como é o caso do motorista Roberto Carlos Silveira Cortes. "Estou com tendinite nos dois braços porque, além de fazer sempre os mesmos movimentos, os modelos novos de ônibus são ainda piores de dirigir, com câmbio e pedais duros", conta.
A maioria dos pedidos de licença seriam por doenças como estresse e lesão por esforço repetitivo. Os afastamentos e as constantes demissões estariam comprometendo ainda mais as condições de trabalho nas empresas. "Em algumas empresas, já temos notícia de que funcionários internos, dos setores administrativos estão saindo com as linhas para que os carros não fiquem nas garagens, sem rodar devido à falta de motoristas e cobradores", comenta Teixeira. A situação se complica ainda mais devido à carência de mão de obra no mercado. Com dificuldade para contratar trabalhadores qualificados, algumas empresas chegam a oferecer gratificações aos empregados que indicarem conhecidos para o trabalho, segundo o presidente do sindicato.
A Urbs, entretanto, garante que até o momento, não há registros de falta de ônibus nas ruas, afirmando que as empresas estão cumprindo as tabelas, conforme a determinação do órgão. Por sua vez, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) confirma que há carência de mão de obra no mercado, mas contesta as demais informações, a respeito do número de demissões e afastamentos e nega que haja uma defasagem de 20%. Por meio de sua assessoria de imprensa, a entidade informa que, apesar de a economia estar aquecida e pouca gente estar procurando trabalho, as empresas chegaram a receber mais de 500 pedidos de emprego somente durante o período da greve.
Fonte: Paraná Online