Siga a reunião que pode definir mais uma greve de motoristas e cobradores em Curitiba

 

Decisão sobre aumento do preço da passagem deve ser impactada por acertos feitos durante a audiência.

Após os transtornos da última greve parcial de motoristas e cobradores, que paralisou linhas urbanas de nove das onze empresas de ônibus de Curitiba, durante três dias da semana passada, Urbs, trabalhadores e sindicato patronal estão reunidos em audiência conciliatória no Tribunal Regional de Trabalho (TRT).

O objetivo é tentar resolver os impasses entre os envolvidos, para garantir que motoristas e cobradores recebam seus salários em dia e afastem a possibilidade de novas greves motivadas por atrasos nos vencimentos.

Fique ligado!

14h40 - Audiência tem início nesse momento, presidida pela desembargadora vice-presidente do TRT, Marlene Fuverki Suguimatsu.

15h00 - Caso não ocorra o pagamento do vale dos trabalhadores, uma nova greve acontece a partir de quinta-feira (21).

15h15 - URBS (gestora do transporte público em Curitiba) e Comec (Coordenação da RM de Curitiba) são suscitados no processo, junto com as empresas.

15h20 - A defesa dos motoristas e cobradores de ônibus considera que URBS e Comec são tomadores finais do serviço de transporte público, por isso são responsáveis solidários.

15h30 - O Setransp (empresas de ônibus) apresenta proposta de compensação, em outros dias, com acréscimo das horas paralisadas no dia 12 de janeiro

15h32 - Para não haver descontos, o Setransp requer que não sejam aplicadas multas já notificadas por parte da URBS. No entanto, a URBS não aceita a retirada das multas às empresas, considerando que é seu dever fiscalizar a prestação do serviço.

16h00 - A audiência é suspensa pela desembargadora vice-presidente para que as partes conversem entre si para negociações.

Informações do TRT.

Reajuste salarial

Também é discutido o reajuste nos salários dos cerca de 15 mil trabalhadores da categoria, cuja data-base é em 1º de fevereiro. A definição do reajuste impacta diretamente no valor da tarifa técnica e no valor pago pelos usuários do transporte. Estão ainda na pauta as multas que os sindicatos podem ter que pagar por descumprirem suas obrigações na última greve.

“Nosso objetivo prioritário é o pagamento dos funcionários. Dia 20 está aí e ainda não sabemos se vai ter ou não o pagamento. Queremos regularizar esta situação, mas temos um indicativo de greve em aberto. Se os valores não forem depositados, entramos em greve”, diz o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ânibus de Curitiba e Região (Sindimoc) Anderson Teixeira.

Ele reforça que evitar novas paralisações é essencial, para não desgastar mais os trabalhadores e a população. “O atraso nos pagamentos é uma forma cruel de pressão feita pelos empresários, que certamente têm como objetivo o aumento das tarifas. Esperamos não ter que fazer uma nova paralisação este mês”. Pra Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), resolver a questão dos salários dos motoristas e cobradores é o primeiro passo a ser dado, pra depois discutir valores da nova tarifa técnica e da tarifa cobrada dos usuários. Já o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) não quis se pronunciar sobre a pauta da audiência.

 

Pra professor da UFPR, prefeitura deveria adotar uma frota pública.

“Rompimento necessário”

Na análise do professor da UFPR e membro da Plenária Popular do Transporte, Lafaiete Neves, não há outra solução para o problema a não ser o rompimento dos contratos atuais. A possibilidade foi cogitada na semana passada por empresários e Urbs, mas ontem nenhuma das partes quis comentar a questão.

“Desde 2013 alertamos a prefeitura sobre as irregularidades nos contratos e na maneira como são executados. Os problemas foram apontados por quatro relatórios, feitos pela Urbs, pela CPI do Transporte Coletivo, Tribunal Contas do Estado do Paraná (TCE) e pelos sindicatos na Plenária Popular do Transporte. A prefeitura deveria romper com as empresas, que já quebraram os contratos diversas vezes, em situações como as mais recentes, em que atrasaram os salários de seus funcionários”, opina Neves.

Para o professor, o ideal seria que a prefeitura de Curitiba adotasse uma frota pública, acabando com os subsídios e principalmente, com os adiantamentos nos repasses. “O prefeito tem munição para enfrentar as empresas sem medo das indenizações. Depois do rompimento dos contratos, ele deveria comprar cerca de 100 ônibus, a um custo médio de R$ 600 mil cada, que poderiam ser financiados pelos bancos, sendo mais econômico e vantajoso do que os repasses mensais às empresas.

Esta frota pública garantia o serviço e evitaria novas greves. Isto foi feito em 1987, pelo prefeito Roberto Requião, que, em seu mandato, não presenciou greves no sistema de transporte de Curitiba”, defende.

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