Audiência entre motoristas de ônibus e empresários termina sem acordo

Trabalhadores de Curitiba e Região negociavam recebimento do 'vale'.
Empresas pediram para parcelar os pagamentos por três dias.

 

Samuel Nunes e Fernando CastroDo G1 PR

Ônibus Curitiba (Foto: Reprodução/RPC)Sindimoc diz que não pode mais aceitar atrasos
e parcelamentos, que se seguem há três anos
(Foto: Reprodução/RPC)

A audiência realizada na tarde desta terça-feira (19) entre o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Região Metropolitana de Curitiba (Sindimoc), representantes das empresas e do poder público terminou sem acordo. As empresas tentavam negociar um parcelamento no adiantamento salarial dos trabalhadores, conhecido como "vale".

O encontro, no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), durou mais de seis horas. Foram discutidos temas que giraram em torno de compromissos assumidos em dezembro de 2016, por todas as partes, que garantiam o pagamento integral dos salários dos trabalhadores, nas datas já determinadas no acordo coletivo da categoria. Em contrapartida, não haveria greve por parte dos trabalhadores.

As empresas, representadas pelo sindicato patronal, disseram que não têm como pagar a totalidade do adiantamento salarial nesta quarta-feira (20), quando venceria o prazo. Elas tentaram parcelar o pagamento em três dias, pagando parte na quarta-feira e o restante na quinta-feira (21) e na sexta-feira (22).

Por sua vez, a Urbs ofereceu fazer um repasse de R$ 1,7 milhão às empresas, para ajudá-las a quitar os compromissos com os trabalhadores. No entanto, o dinheiro só seria liberado se houvesse acordo entre empresários e empregados. Na audiência do dia 12 de janeiro, a Urbs já havia adiantado outros R$ 3,5 milhões às empresas, valores que deveriam ser repostos com o que fosse acumulado com as passagens pagas na segunda (18) e nesta terça (19). Segundo as empresas, por conta da falta desse recurso não houve como formar caixa para pagar o vale.

Com o dinheiro da Urbs e os repasses feitos diariamente pelo movimento das catracas, as empresas disseram que poderiam pagar até 40% do vale na quarta-feira e o restante dividido em parcelas iguais, nos dias seguintes. O Sindimoc não aceitou a proposta.

Para o sindicato dos trabalhadores, os reiterados atrasos têm comprometido a situação financeira dos motoristas e cobradores de ônibus. Durante a audiência, o presidente da entidade, Anderson Teixeira, afirmou que a classe luta há três anos para receber em dia e que um novo atraso não poderia ser aceito diante dessas circunstâncias. O Sindimoc também queria que os empresários pagassem R$ 30,00 de multa para cada trabalhador, por dia de atraso, conforme previsto no acordo firmado em dezembro.

As empresas reclamaram da inconsistência financeira do sistema de ônibus em Curitiba. Dizem que com o que recebem atualmente não é possível quitar os compromissos não só salariais, mas também de insumos e demais despesas que têm para manter a frota na rua.

Com a falta de acordo, a Urbs disse que não poderá fazer o aporte prometido para que a ideia das empresas de parcelar o vale possa seguir adiante. No entanto, os representantes da autarquia municipal disseram que podem negociar alguma solução com os empresários na quarta-feira. Mesmo assim, as empresas esperam conseguir pagar o vale no parcelamento sugerido. A desembargadora Marlene Fuverki Suguimatsu, que mediou as negociações, disse que os empresários ainda terão que pagar a multa pelo atraso para os trabalhadores.

O Sindimoc, por sua vez, garantiu que não deve deflagrar uma nova paralisação. No dia 12 deste mês, parte da categoria parou as atividades após um novo atraso salarial das empresas. Segundo o Sindimoc, uma nova paralisação só deve acontecer se as empresas não pagarem os salários de janeiro, no quinto dia útil de fevereiro.

VIA G1