No ‘ano da pandemia’, Paraná bate recorde de mortes e perde 81.583 vidas

A crise sanitária que aflige o Paraná desde março do ano passado traz duros reflexos às estatísticas de óbitos do estado. Segundo levantamento feito pelo Bem Paraná, o número de óbitos no estado bateu recorde no “ano da pandemia”, entre os meses de março de 2020 e fevereiro de 2021. Nesse período, mais de 81,5 mil mortes foram registradas no Paraná, sendo 13,8 mil delas (16,9% do total) relacionadas à Covid-19.

Os dados do ano da pandemia foram levantados pela reportagem por meio do Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Além disso, as informações também foram cruzadas com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.

O número de óbitos registrados no ano da pandemia, considerando o período já citado, totalizou 81.583 mortes no Paraná, o que aponta para 14.627 falecimentos a mais do que a média dos mesmos período desde 2003. Em termos porcentuais, verifica-se um crescimento de 21,85% em relação à média de óbitos na série histórica (66.955). Já na comparação em relação ao exato ano anterior da pandemia (março de 2019 a fevereiro de 2020), registrou-se um crescimento de 13,35% no total de óbitos, que passou de 71.976 para 81.583.

Dezembro mortal

Em toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2003, o mês com mais mortes no Paraná até hoje foi dezembro de 2020, quando 7.668 paranaenses tiveram suas vidas ceifadas pelos mais diversos motivos – na ocasião, o estado ainda enfrentava a segunda onda pandêmica e registrou 2.238 óbitos por Covid-19 naquele mês.

Além disso, outros dois dos cinco meses com mais mortes na série histórica já foram dentro da pandemia: janeiro de 2021 (7.514) e agosto de 2020 (7.434), num ranking que traz ainda julho de 2018 (7.549 mortes) e junho de 2016 (7.507).

Por fim, cabe destacar que o número de óbitos registrados nos meses de 2021 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.

Dados do estado seguem média nacional

Cabe destacar, ainda, que o aumento no número de mortes no “ano da pandemia” não é uma exclusividade paranaense, mas sim uma tendência nacional. E a prova disso é que entre março de 2020 e fevereiro de 2021 o Brasil totalizou 1.498.910 mortes, um total de 355.455 falecimentos a mais do que a média dos mesmos períodos desde 2003.

Em termos porcentuais, significa um crescimento de 31% de óbitos em relação à média histórica, que sempre esteve na casa de 1,7%, totalizando 29,3 pontos percentuais a mais no período. Na comparação em relação ao exato ano anterior da pandemia, março de 2019 a fevereiro de 2020, o aumento foi de 13,7% no número de falecimentos.

Para piorar, o agravamento da pandemia no último mês fez de fevereiro de 2021 o mês mais mortal de sua própria série histórica no Brasil, com um total de 119.335 óbitos registrados pelos cartórios no período, 33.5 mil óbitos a mais do que a média para o período. O número foi ainda 28,1% maior do que a média histórica dos meses de fevereiro desde 2003, sendo 26,8 pontos percentuais a mais em relação à média para o período. Na comparação com fevereiro de 2020, o crescimento foi de 28%.

“Os Cartórios de Registro Civil são a base primária de dados da nação, seus dados são enviados a mais de 14 órgãos do Poder Público, desde o Ministério da Saúde até o IBGE, para que o País possa planejar suas políticas”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.

Óbitos

O Paraná no ‘ano da pandemia’
(dados de março de 2020 a fevereiro de 2021)

Total de mortes: 81.583
Mortes por Covid: 13.812

Histórico de mortes no Paraná
(dados entre março de um ano e fevereiro de outro)

2020/2021: 81.583
2019/2020: 71.976
2018/2019: 74.076
2017:2018: 74.504
2016/2017: 76.150
2015/2016: 73.291

Fonte: Portal da Transparência do Registro Civil

Norte lidera na alta das taxas

Entre os estados brasileiros, aqueles localizados na região Norte foram os que registraram a maior diferença nas ortes do último ano da pandemia em relação à média histórica dos anos anteriores. O Amazonas registrou aumento de 86,8%, seguido por Roraima (81,2%), Acre (51,8%) e Rondônia (44,6%).

Na região Sudeste, o Espírito Santo registrou aumento de 42,8%, seguido por Rio de Janeiro (39,9%), São Paulo (36,7%) e Minas Gerais (24,3%).

Na região Sul, Santa Catarina teve aumento de 36,4%, enquanto na região Nordeste Maranhão foi o estado que teve o maior aumento percentual, com 33,3%. O agravamento da pandemia no último mês, fez de fevereiro de 2021 o mês mais mortal de sua própria série histórica no Brasil,com com um total de 119.335 óbitos.

Fonte: Bem Paraná

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