Paraná precisa de mais 7 milhões de doses de vacina, mas não tem previsão de quando chegam

Com a meta de vacinar todos os paranaenses que estão no grupo de risco e têm idade acima de 18 anos até o final de maio, o Paraná está se esforçando para acelerar o andamento do Plano Nacional de Imunização. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa-PR), o governo local está negociando com oito diferentes laboratórios a aquisição de pelo menos 16 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, número que pode chegar a 33 milhões de doses dependendo da disponibilidade dos fornecedores.

Até agora, o Paraná recebeu 1.260.000 doses de vacinas contra a Covid-19, suficientes para imunizar 630 mil pessoas (o equivalente a 5,47% da população paranaense), considerando-se que cada indivíduo precisa receber duas doses para que a proteção completa seja garantida (vacinas contra o coronavírus que exigem a aplicação de apenas uma dose não foram compradas até aqui pelo Ministério da Saúde).

Segundo a Sesa, até ontem 724.029 doses do imunizante haviam sido aplicadas, sendo 535.424 da primeira dose e 188.605 da segunda dose. Para vacinar o grupo prioritário, contudo, são necessárias 8.038.230 doses, uma vez que a lista com 21 faixas da população que integram o grupo prioritário tem 4.019.115 pessoas.

Na prática, isso significa que, nos 73 dias restantes até o final de maio, o Paraná precisa receber mais 6.778.230 doses para ter chance de cumprir a meta anunciada no Plano Estadual de Vacinação. Até aqui, passados 59 dias desde o início da vacinação no estado (18 de janeiro até 18 de março), foram recebidas 1,26 milhão de doses.

Doses compradas pelo Estado serão repassas ao Ministério

Com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para que estados e municípios adquiram a vacina contra o novo coronavírus, o Paraná já negocia a compra de pelo menos 16 milhões de doses, tendo formalizado oito intenções de aquisições com diferentes laboratórios. Ainda não há, porém, qualquer previsão para um desfecho dos acordos.

Além disso, apenas uma parcela das doses adquiridas pelo estado seriam destinadas aos paranaenses. Isso porque foi pactuado no Fórum Nacional dos Governadores que todos os estados que conseguissem adquirir vacina distribuirão o imunizante pelo Plano Nacional de Imunização, para que se evite concorrência desleal ou favorecimento na imunização entre os estados.

De toda forma, a possibilidade de aquisição de vacinas por estados e municípios é vista por especialistas como uma notícia esperançosa para o enfrentamento da pandemia, especialmente tendo-se em conta a lentidão do governo federal em conseguir adquirir mais imunizantes para acelerar o andamento do Plano Nacional de Imunização.

Quadro da vacinação - Vacinação no Paraná

Sociedade civil se mobiliza em favor da imunização

Com a escalada da pandemia e o colapso do sistema de saúde, a sociedade civil se une ainda mais em prol da imunização em massa contra o novo coronavírus. Na segunda-feira, por exemplo, foi lançada uma mobilização pedindo ao Ministério da Saúde mais vacinas contra a Covid-19: trata-se do abaixo-assinado #VacinaParaná, idealizado pelo deputado estadual Michele Caputo e disponível na plataforma virtual change.org.

“Precisamos de mais vacinas e de forma urgente! Queremos que o Paraná seja priorizado, tendo em vista a gravíssima situação que estamos enfrentando. O povo paranaense clama por mais vacinas”, afirma o parlamentar, citando ainda que o estado vem batendo recorde de casos e mortes e apresenta hoje a maior fila de espera por um leito de UTI ou enfermaria no país.

Além disso, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar) aderiu à campanha #VacinaJá – O Brasil tem pressa!, que busca chamar a atenção das autoridades e da sociedade para a extrema necessidade da imunização em massa dos brasileiros. “Entendemos que esta é a melhor medida, tanto para a questão sanitária e de saúde pública quanto para a crise econômica que o Brasil e o mundo vivenciam. Assim que imunizadas, as pessoas conseguirão retornar aos seus postos de trabalho, reestabelecendo o equilíbrio dos serviços de saúde e a retomada da economia”, diz Gerson Medeiros, presidente em exercício do Setcepar.

Governo do Estado nega desabastecimento de oxigênio

Em nota encaminhada à imprensa, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garantiu ontem que não há desabastecimento de oxigênio no Paraná nas unidades hospitalares próprias do Governo.

“Pontualmente alguns municípios tiveram dificuldade com a logística de cilindros, não de oxigênio. A Sesa vem mantendo tratativas há várias semanas e de forma permanente com os diversos fornecedores do insumo no Paraná e tem um contrato robusto para a sua manutenção de oxigênio”, diz a nota.

Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde encaminhou a 53 hospitais uma carga de medicamentos usados para a entubação de pacientes internados em estado grave nas UTIs Covid-19.

O secretário-geral da Sesa, Nestor Werner Junior, sem mencionar o quantitativo afirmou que a carga é formada por cerca de 15 medicamentos entre relaxantes musculares e sedativos, chamados de ‘kit Covid’ e têm como objetivo diminuir a pressão do sistema. “Nossos estoques estão bastante baixos, mas a Sesa não está medindo esforços para tentar garantir esses medicamentos em todas as regionais do Estado”, disse.

Werner Junior informou ainda que diariamente são conferidos os estoques destes medicamentos em todos dos hospitais das 22 regionais para que se faça um remanejamento dos estoques.

Questionado a respeito da carga de cilindros necessários para o envase de oxigênio, o diretor geral afirmou que a carga deve chegar nos próximos dias. Parte dos cilindros virão do norte do País. “Tão logo cheguem serão encaminhados aos locais onde estiverem mais necessários”, disse.

Brasil

O diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, classificou ontem como perigoso o cenário de abastecimento de oxigênio medicinal no país. Em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado, ele pediu apoio dos parlamentares para que o Congresso e o Ministério da Saúde se empenhem em uma mudança legislativa com urgência, para que as grandes empresas não se recusem a abastecer carretas de envasadores que atendem principalmente cidades do interior.

“O cenário atual é perigoso, podendo levar ao desabastecimento de oxigênio medicinal na ponta, especialmente em pequenos hospitais e municípios do interior”, alertou acrescentando que a expectativa da falta perigosa desse produto na ponta da linha, nos pequenos hospitais, é de poucos dias.

Fonte: Bem Paraná

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